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domingo, 4 de abril de 2010

Batman

A criação desse personagem tão icônico se deu em 1939 na revista Detective Comics 27, foi criado por Bob Kane, e Bill Finger mas somente o primeiro tem os crédito até hoje. Processos judiciais a parte o personagem foi baseado no Drácula com sua figura do morcego e estilo sombrio.

Toda a história começa com os pais de Bruce, Thomas e Martha Wayne sendo assassinados na frente de seu único filho ainda criança, após assistirem a uma sessão do filme a Marca do Zorro. Esse trauma transformou a vida do jovem Bruce, que a partir de então se dedicou a aperfeiçoar sua mente e seu corpo para enfrentar todo e qualquer tipo de criminoso, estudando e convivendo com mentes criminosas, e treinando em variadas formas de combate corpo-a-corpo, uma vez que desenvolveu uma aversão a armas de fogo.

O grande mérito do personagem é que eles escolheu ser um combatente do crime, e se esforçou pra isso, ele não tem super-poderes, não recebeu um anel do espaço, não foi picado por uma aranha radioativa, não ficou preso em uma ilha e foi obrigado a aprender a caçar com arco e flecha nem tão pouco construiu uma armadura. Simplesmente decidiu-se no combate ao crime com suas armas mais poderosas: a mente e o corpo. E que fique muito claro, ele não faz isso por vingança, como o Justiceiro, mas para que ninguém mais sofra o que ele sofreu e sofre com a perda de seus pais.

Os métodos de combate ao crime adotados por ele são os do terror, por isso usa a figura do morcego que era o que o assustava em sua infância desde quando caiu em uma caverna povoada por morcegos em sua propriedade, que futuramente se tornaria sua base de operações. Encher os criminosos de medo é uma tática bem útil, fazendo com que eles tomem medidas desesperadas, a figura elemental do medo é comum a todos os seres humanos. Batman usa o fogo contra fogo se diferenciando dos próprios parceiros no bom combate. Tudo isso com o uso aplicado da inteligência, nem todos seus inimigos oferecem apenas o desafio físico, outros testam os limites de sua astúcia, Batman, assim alcança a alcunha de grande Detetive.

Batman é um herói muito mais complexo e pode ser mais analisado dentro das nuances de sua psique, dos seus traumas e de sua cruzada. Para ilustrar, comentemos a respeito de uma das melhores histórias já contada dele, senão a melhor até mesmo entre todos os heróis. O Cavaleiro das Trevas é uma obra originalmente publicada em 1986 em quatro edições, em um período em que os quadrinhos lutavam para sair dos efeitos do livro que os acusava de ser má influência para os jovens e por isso sofriam uma pesada censura. Some a isso uma estagnação econômica do final dos anos 70 que limitava e limava a criatividade dos criadores. Junto com Wacthmen de Alan Moore, O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller quebra todas essas barreiras impostas apontando novas direções para os super-heróis com um comportamento mais agressivos e menos ingênuo.

A história: em um futuro não muito distante, a cidade de Gotham se vê assolada por uma onda de calor e de crimes perpetuados pela gangue dos mutantes, que são jovens perdidos dentro de uma sociedade que não sabe bem o que fazer com eles, então a saída obvia para uma parte dessa juventude é o crime. Fazem 10 anos desde a última aparição do Batman e muitos acreditam que ele não passa de uma lenda urbana. A narrativa principal é entrecortada pelos noticiários, o que nos deixa a par da situação social em que esse mundo se encontra.

Bruce Wayne agora é realmente um playboy, participa de corridas de carro, bebe de verdade e tem uma vida social ativa. Mesmo assim ainda sente o vazio em sua vida deixado pelo capuz e pelo combate ao crime, mas se engana quem acha que ele sente falta da ação e da adrenalina, seu desconforto é com o estado deplorável que se encontra a cidade.

Em uma clara alusão ao Batman sendo uma força da natureza, seu retorno acontece na mesma noite em que o calor cessa. O velho Bruce Wayne se rende a sua contraparte lembrando-se da noite em que seus pais foram assassinados no beco do crime, e assim renasce a lenda.

Não demora para que a notícia apareça, já que ele faz diversas aparições em uma única noite, e o debate que acompanha sua volta também tem início co manifestações a favor com Lana Lang (essa mesmo! A amiga do Super-Homem) sendo a principal representante, e o Psiquiatra de Harvey Dent como principal voz contrária. Vale destacar que antigos inimigos voltam a ativa após saberem do retorno do cruzado de capa entre eles o próprio Dent e o Coringa que sai do estado catatônico. A gangue dos mutantes também contribui com uma parcela para o caos, e assim que possível Batman os confronta em uma pequena guerra a bordo do Batmóvel, ou seria Bat-tanque? Restando apenas o líder em pé, o confronto direto se faz necessário, e mesmo não sendo derrotado, o líder vai preso e Batman descobre uma nova ajudante umA Robin.

O personagem Robin sempre representou a jovialidade e uma identificação juvenil para todo o clima sombrio que cerca a figura do Batman. Nesse caso é pior pois em uma cidade corrompida uma garota se veste com trajes colorido, se pendura por prédios e seus pais mal dão falta dela , já que estavam ocupados demais com hábitos pouco ortodoxos.

A certa altura, a discussão social sobre os métodos e o impacto social que ele causa, chegam a incomodar o presidente dos EUA, que à época seria Ronald Reagan (o ator), porém uma comparação com George W. Bush não é nenhum absurdo, com todas suas comparações entre países e ranchos em um diálogo com seu menino de recado de uniforme azul. Ele deixa claro ao Super-Homem que a situação em Gotham precisa ser controlada e cabe a ele fazer isso, pois conhece o Batman e seus métodos.

Em um monólogo do Super-Homem fica claro que ele esta receoso com a posição do Batman e sobre que tipo de conseqüência isso pode trazer para a amizade deles, já que Wayne é tão obstinado, que discordou até mesmo da sanção aos super-heróis tempos atrás.

A partir daí o ritmo frenético só aumenta, com o Super-Homem sendo chamado para resolver uma crise internacional contra os russos em Corto Maltese, enquanto que o Batman lida definitivamente o Líder mutante, arrebanhando os membros restantes e indecisos da gangue como “filhos do Batman”. Mas o que realmente é espetacular é o confronto com o Coringa em que o homem-morcego promete ser o último e o persegue fazendo a contagem de corpos de quantos deveriam sobreviver se ele tivesse acabado com isso tempos atrás, incluindo Jason Todd, o segundo Robin.

Como o melhor está sempre guardado pro final, no último ato,temos o Batman tomando conta da situação com uma cavalgada apoteótica após um pulso magnético instalar o caos e o desespero, além do retorno do Super-Homem, para um confronto épico e titânico de proporções gigantescas envolvendo os dois maiores ícones super-heróicos com uma participação mais que especial do Arqueiro Verde que “profetiza” que em um mundo como aquele, não há lugar para os dois.

Uma obra majestosa com um final digno e arrebatador, por essas e por outras razões eu considero essa a maior e melhor obra de História em Quadrinhos de Super-Heróis que eu já li, se por acaso você ainda não leu está dispensado agora para fazê-lo.

O Batman pode ser considerado um terrorista sim, mas contra um sistema corrupto e um status quo desigual que privilegia os desonestos, é uma força social sim , a partir do momento que inspira as pessoas a lutarem pelos seus direitos, e claro , um herói sem igual que enfrenta adversário mais forte com inteligência.


Nota final: Batman sempre foi Batman, nunca homem morcego ou morcego homem ...certo ?! E aliás, o super- poder dele é a Determinação inabalável, coisa que deveria ser comum a todos nós.

Um comentário:

  1. Honestamente nunca fui assim muito fã do Batman, talvez porque ele não tinha o super poder super-descolado e estampado como, por exemplo, o Homem-aranha tem, mas agora passei a criar um certo afeto pelo personagem.
    Determinação inabalável. Isso sim é um poder de verdade, que você desenvolve, e não ganha.

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