Pra quem gosta de ler, ver e ouvir - e outras coisas do tipo.

sábado, 12 de novembro de 2011

Pearl Jam 04/nov/2011

Show – Pearl Jam 04/nov/2011
Em primeiro lugar quero deixar bem claro que eu não abandonei o blog , por mais que tenha parecido . Eu não tenho uma desculpa boa pra não escrever mais como “ ah , tô sem tempo” ou qualquer coisa que o valha. Na verdade, eu sou um puta preguiçoso mesmo ... e eu juro que eu tento mudar isso ...então, nada melhor pra restabelecer contato do que o grande show de uma das maiores bandas da atualidade e quiçá de todos os tempos.
No dia 04 de novembro no Estádio do Morumbi, o Pearl Jam fez a segunda apresentação da sua segunda passagem por terras brasileiras. Vou ter analisar com alguma objetividade, mas já adianto que vai ser difícil, pois como pode reparar eu sou um grande fã da banda, e espero que ao longo do texto os motivos disso fiquem claros.
Em primeiro lugar, queria analisar o lugar que foi realizado. O Estádio do Morumbi é bem grande e tem uma acústica excepcional, com relação a isso nenhum um tipo de queixa, estava bem alto e muito bem regulado, a organização e acesso aos lugares, já que eu fiquei na arquibancada, foram muito práticos na funcionalidade. Mas se tem uma coisa a se levar em conta com o local , é a infra-estrutura ao redor. Estação do metrô?? Só daqui a alguns anos! E o problema nas ruas ao redor ... carros e pessoas disputavam as ruas...isso é uma coisa a se pensar...como nos shows na Chácara do Jóquei que eu já fui e a saída é sempre um suplício.
Agora, o que realmente importava era a banda. E com isso não há reclamações, na comemoração de 20 anos de carreira eu não consigo imaginar uma banda em melhor forma, e maior sintonia uns com os outros. Todos tem uma desenvoltura no palco que é invejável, com liberdade para tocarem do jeito que acharem melhor, e isso é um reflexo do setlist. Que setlist??
Essa é uma das atrações do Pearl Jam . Eles não repetem as músicas de um show pra outro. É tudo decidido alguns minutos antes do show. Então pode se preparar para surpresas. Claro que eles tocam os grandes sucessos, mas também não deixam a desejar na execução das músicas que somente quem ouve o álbum inteiro é que conhece. Isso gera gratas surpresas como, por exemplo, quando tocaram “severed hand” e “inside job” desta vez, ou “Lukin” em 2005 no Pacaembu. A propósito, se compararmos as duas passagens devo dizer que são equivalentes pois conseguiram uma interação maravilhosa , e foi um show digno de uma grande banda de Rock. É o tipo de show que sempre dá um gostinho de quero mais, por que sempre tem músicas diferentes com uma margem pra variação que é incrível. Segundo entrevista na Folha do dia 3 de novembro, o guitarrista Mike McCready diz que eles tem por volta de 200 músicas ensaiadas, e umas duas horas antes do show são escolhidas as músicas.
Além da turnê brasileira, também é bom destacar que pra comemorar os 20 anos de estrada o Pearl Jam está lançando um documentário sobre a banda dirigido pelo velho amigo deles Cameron Crowe diretor de Filmes como “ Quase famosos” e “Vida de solteiro” , nesse ultimo o próprio Pearl Jam aparece. É documentário com muitas cenas antigas de bastidores e entrevistas, a partir daí é possível ter uma idéia de como é o relacionamento deles como banda.
Pensamento Enfurecido: Bom, infelizmente tenho q eu destacar dois pontos negativos, já que nada nesse mundo é perfeito.
1) Aos infelizes que só foram ao show pra ouvir “Jeremy”, “Alive”, “Last Kiss”, e qualquer uma que música que só fez sucesso no rádio e não na sua vida, da próxima vez fiquem em casa e quem sabe eu consigo ir na pista e pular na maioria das música. Já que os seres destacados só se manifestavam nessas músicas e no resto ficavam com os braços cruzados.
2) Nas últimas músicas as luzas do estádio já estavam acesas, isso foi uma falta de sensibilidade extremamente constrangedora. Isso é um problema da organização do estádio que deve ser revisto.
Olha o setlist completo:
1-“Go”
2- “Do the evolution”
3- “Severed hand”

4- “Hail hail”
5- “Got some”
6- “Elderly woman behind the counter in a small town”
7- “Given to fly”
8- ‘“Gonna see my friend”
9- “Wishlist”
10- “Amongst waves”
11- “Setting forth”
12- “Not for you”
13- “Modern girl”
14- “Even flow”
15- “Unthought unknown”
16- “The fixer”
17- “Once”
18- “Black” ( Pausa)
19- “Just breathe”
20- “Inside job”
21- “State of love and trust”
22- “Ole”
23- “Why go”
24- “Jeremy” ( Pausa )2
25- “Last kiss”
26- “Better man”
27- “Spin the black circle”
28- “Alive”
29- “Baba O’Riley”
30- “Yellow ledbetter”
Cada um tem suas preferências, mas eu acho que foi muito PHO-DA!!!!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Bando de Dois



É muito comum embasar uma obra em um gênero. Aqui no Brasil os mais comuns são gêneros urbanos e as ambientações em favelas. Mas as pessoas, principalmente aqui no eixo sul-sudeste, se esquecem que existe toda uma cultura diferente no cangaço que pode muito bem ser comparado com o velho oeste norte americano, tanto no clima, como na paisagem natural, e os estereótipos bem definidos.

E é nesse cenário que começa a nossa história, provavelmente ela se passa na primeira metade do século XX no nordeste brasileiro, onde as milícias dos cangaceiros têm uma presença muito forte no cotidiano das pessoas, afrontando as forças oficiais brasileiras, saqueando os vilarejos e estabelecendo uma espécie de guerra civil em território nacional.

Vamos acompanhar Tinhoso e Cavêra di Boi, dois sobreviventes de um bando de cangaceiros que sofreu uma emboscada da volante do Tenente Honório, e agora estão em busca de vingança, mas para isso terão que executar um plano em que apenas esse “bando de dois” consiga surpreender e vencer seus algozes.

As grandes qualidades da História em quadrinhos são os próprios enquadramentos com imagens limpas e claras, não dando margem para confusões com luz e sombra e percebendo-se exatamente onde tudo começa e termina. Isso tudo, com uma variação de close-up e quadros abertos, que são muito eficientes para estabelecer o cenário árido em que os personagens estão. Para corroborar com o quadro a quadro em ritmo cinematográfico, os planos em detalhes fora do rosto dos personagens e muitas vezes sem diálogo, otimiza o processo da leitura e também do entendimento da história.

As páginas duplas são um diferencial da obra, por que são extremamente bonitas e simples, e tem uma função essencial na história, que é nos transportar para a aridez daquele mundo, para que nós possamos sentir a poeira entrando pelas narinas, isso principalmente quando mostra o vilarejo de Nova Nazaré, que na verdade é quase um beco sem saída.

O roteiro se mostra perfeitamente encaixado com a arte, as falas existem quando são necessárias, não há o didatismo e a repetição entre elas, fazendo assim com que elas se completem. Uma vez que o roteiro é direto e não se vale de artifícios superficiais e gratuitos para engrandecer o argumento, ele é objetivo, fazendo com que conheçamos os personagens e suas motivações de maneira cautelosa e regrada, para podermos aproveitar cada uma das camadas descobertas.

Não é uma história mirabolante, ou mesmo com mocinhos e bandidos bem estabelecidos desde o começo com maniqueísmo, ao contrário, os personagens são anti-heróis tentando concluir suas ambições a qualquer custo.

O autor, Danilo Beyruth, já é conhecido no meio dos quadrinhos com seu personagem Necronauta, e por ter participado de algumas antologias, mas não é exagero algum dizer que “Bando de Dois” é uma obra em quadrinhos de primeira qualidade que não deve em roteiro, arte, e execução do trabalho à ninguém.

É altamente recomendável!!!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Feliz Ano Velho

Muito bem, eu sei que disse que escreveria mais por aqui... eu estou tentando.

Pra retomar novamente, eu escolhi um livro que eu li a pouco tempo, e que além de ser um passatempo agradável, também oferece uma nova perspectiva de olhar a vida.

O livro em questão “Feliz ano velho” trata das experiências vividas por Marcelo Rubens Paiva quando é forçado a se adaptar a sua nova vida após um acidente que o deixa tetraplégico. O livro, escrito pelo próprio, percorre suas experiências logo após o acidente, e também acontecimentos que antecederam aquele dia fatídico.

O interessante é ressaltar tanto a relevância pessoal que cada um pode ter, como também analisar as referências no que se refere ao período que se passa a história.

Ter a ditadura militar brasileira como pano de fundo pode ser um tanto quanto complicado, mas nunca monótono, sempre haverá os que defendem e os que se opõem. Mas no caso em questão, o segredo é abordar de uma forma completamente diferente, em que o autor não pretende (aparentemente) fazer algum tipo de juízo de valor, simplesmente relata os fatos do regime que atingiram ele e sua família, uma vez que seu pai era político, o deputado Rubens Paiva. Além disso, no campo “histórico” é legal também ver o cenário popular que havia no Brasil, os movimentos estudantis, não somente político, mas culturais, com festivais de música, ou mesmo somente perceber a interação das amizades do autor antes e depois do acidente.

Neste livro, a história acontece com um desenvolvimento particularista, ou seja, sempre sob a perspectiva em primeira pessoa do autor, o que torna as coisas bem peculiares de acordo com que era visto naquele momento. E como essa visão muda de acordo com amadurecimento do protagonista em sua nova condição física, mas sua mente nunca pára de trabalhar e de reparar em pequenos detalhes.

Com relação a já citada condição física é muito difícil comentar, ou mesmo tentar acrescentar alguma coisa, por que nunca nem de longe eu passei por algo parecido, o máximo que eu tive foi um tornozelo quebrado , e nem é digno de comparação. A única coisa que posso fazer é dizer que ler o livro, mesmo que às vezes tenha me deixado um pouco mais pensativo, também foi uma diversão e um aprendizado sobre como a vida pode mudar de um minuto para o outro e nos ajuda a pensar melhor nas nossas decisões mesmo que nas mais corriqueiras, por que elas terão conseqüências, sempre.

Eu não acho que isso seja a crítica (no bom sentido) do livro, por que não sou um crítico literário, isso é apenas uma indicação de uma boa leitura. Tanto que eu evitei propositadamente de ficar fazendo citações do livro, mas vou recomendar duas passagens. Tanto a parte que ele tem que se acostumar com sua enfermeira, como o festival de música e a participação do Tom Zé, eu achei realmente muito boas.

Este é um livro fácil de ser achado, este não será um problema, se alguém não achar ,eu posso emprestar o meu, e a leitura é muito agradável e rápida.

Até mais Boa leitura.